iluminando a caixa de grinds
Uma das tarefas mais importantes e mais complexas de fotografar skate é a iluminação. Aliás, não é só no skate mas sim em qualquer género de fotografia. Em qualquer género, é o elemento que muitas vezes faz a diferença entre uma imagem ordinária e uma que brilhe. Este domingo na Gaf, foi uma muito boa oportunidade para experimentar alguns esquemas e treinar a técnica. Tal como para o skate, o skatepark é um óptimo espaço de treino fotográfico dado o nível de controlo que se pode ter, especialmente quando há poucas pessoas. No street, geralmente não há tanto tempo para pensar.
Tal como mencionei no post anterior, é muito incomum utilizar as distâncias focais normais para o skate. Mais, detesto fotografar o pessoal de costas. Tem a haver com a abordagem que tenho a imagem de skate – mais que retratar a manobra, sinto que estou a retratar a pessoa. E como tal, prefiro ver e mostrar a cara, para que se saiba de imediato quem está a dar a manobra. Além do mais, o publico alvo não tem muito interesse em ver “man ass”…
Esta imagem apresentou dois problemas à partida – a primeira era a composição. Para o frontside nosegrind, quer do Tiago, quer do Diogo, esta foi o único ângulo que encontrei em que podia lhes mostrar de forma reconhecível, sem destruir visualmente o obstáculo. Ainda experimentei ver com a fisheye e a lente normal como seria o ponto de vista horizontal (para aproveitar o céu fantástico), mas a composição ficava horrível. Deste ângulo mostro bem a manobra, o skater, o obstáculo e o ambiente.
O próximo passo é atacar a iluminação (podem ver na imagem em cima). Escolhi uma abertura maior (f5.6) para poder (1) reduzir a profundidade de focagem, de modo a tentar obter um pequeno plano focado (2) baixar um pouco a potência dos flashes para uma recuperação rápida tendo em conta o desgaste das pilhas ao trabalhar noutras imagens e (3) para poder afastá-los mais da cena. A exposição do flash é controlada pela abertura e não pela velocidade, e com uma abertura maior, posso jogar bem com o zoom e com a distância. A minha luz chave é a da direita, exposta para dar f5.6 na frente do skater, e o flash da esquerda efectua a acentuação e o recorte, e está um pouco mais potente. Os flashes estão em posições opostas – o chamado “cross-lighting”. cria uma boa modelação do corpo, com a zona central ligeiramente escurecida, e com sombras suficientes para tornar a imagem algo dramática. Funciona bem. Restou então ajustar a velocidade para capturar o ambiente/céu. o resto do cenário está praticamente em silhueta, mas o que interessava-me captar era o céu. 1/350s foi o valor encontrado – ligeiramente subexposto mas que permitiu salientar as cores do céu do fim do dia.
No inicio do post está o resultado do processo – um dos excelentes nosegrinds do Tiago “Brasileiro” no picanso com o Diogo na Gafanha da Nazaré