Distâncias focais
Não é muito comum eu utilizar uma distância focal “normal” (entre os 35 e a tele) quando estou a fotografar skate. Desde que orientei a fisheye, de certa forma “colei-me” a ela. Em skate, é mesmo muito útil, e para muitas situações é quase norma usar. Com costumo dizer, a lente permite acentuar a manobra de skate – o skater parece mais rápido, o obstáculo mais longo e mais alto, a distorção acentua o movimento e o dramatismo, e a curta distância focal aumenta a sensação de profundidade – é um expoente máximo de “in your face”. Acho que a imagem do lipslide do Diogo Teixeira no post anterior é uma boa demonstração disso.
Mas a fisheye não é a única lente a utilizar. Distâncias focais normais e especialmente as teleobjectivas são comuns, e o efeito é complementar – linhas normais (horizontais e verticais) para uma imagem mais calma e relaxada, compressão da profundidade de campo fazendo os obstáculos parecerem reais em forma e dimensão, curta profundidade de focagem (para aberturas maiores) exigindo uma focagem mais precisa e que ajuda a salientar o skater, e um ponto de vista de observador, mais distante.
No fim de semana experimentei usar as focais normais para algumas imagens onde normalmente utilizaria a fisheye. A composição é mais complexa que com a fisheye. Com a fisheye (ou uma grande angular no geral), a grande preocupação são os objectos do primeiro plano e a forma como aparecem – elementos completos na imagem e as linhas e formas criadas pelos objectos do primeiro plano. Tudo o resto é fundo e geralmente não interfere. Já com as tele, a compressão dos planos faz com que todas as formas estejam evidentes e próximas (focadas ou não). O plano principal fica composto com mais elementos. Escolher o que fica e o que sai exige muita atenção do fotografo. Outra preocupação que tenho é das verticais serem verticais; Pontos de vista baixos ou muito altos tornam as verticais convergentes. Uma altura intermédia e o plano do sensor paralelo ao obstáculo garantem verticais correctas (há de ser interessante aplicar os movimentos da view camera nestas situações). Como sempre é uma decisão de compromisso.
Há mais um detalhe importante a ter em conta ao usar teles – iluminação. E é nesta situação que os comandos por rádio são um “must”. Com uma tele nas digitais, facilmente ficas a mais de 10-15m de distância da acção e dos flashes. Cabos nesta situação e a preocupação do “line of sight” dos sensores ópticos só atrapalham. Com radio, a liberdade de movimento é total e não há risco de terceiros interromperem uma ligação acidentalmente, nem ninguém disparar os teus flashes.
Creio que esta imagem é uma boa demonstração disso. Um frontside nosegrind relaxado na caixa de grinds curva do skatepark da Gafanha da Nazaré.