bmx…
Ontem houve um pico de visitas no blog – pessoal vindo do fórum da FreerideZone, dedicado ás modalidades com bicicletas (downhill, freestyle, bmx, etc). Basicamente, alguém encontrou uma foto minha do Renato a saltar o gap da Câmara Municipal de Aveiro (flat para flat), colocou-a no fórum e comentou o quão fixe era o salto e o quão maluco foi o Renato para tentar tal coisa. A imagem está no blog practicamente ano e meio, mas volto a mostrar:
A primeira resposta, e passo a citar: “PhotoShop!!!!”… e a partir daí gerou-se uma certa discussão em volta de duas questões – o ser ou não ser verdade o salto (ou seja photoshop-ado ou não), e o quão “parvo” o biker era por saltar de flat para flat, e o risco que isso envolvia. (se seguirem o link da foto, poderão ver uma versão bem maior).
Na realidade é bastante engraçado ler os comentários e ver o quão pouco algum pessoal sabe sobre a actividade. Não estou a falar tanto da fotografia, que enfim, terá aspectos técnicos que a maioria nem sequer terão interesse em conhecer, mas sim acerca do BMX. E isso assusta-me.
É verdade que o gap é algo abusado. Estamos a falar de algo com 2m / 2m20 de altura. Não é sem duvida uma mera brincadeira. Tem riscos, quer físicos, que para o equipamento. Mas não é nada de novo, e nada que nunca tenha sido feito antes. Parece que algum pessoal nunca viu uma revista ou vídeo estrangeiro. Até eu, que não ando de bike, nem tenho qualquer ligação directa com a actividade, já vi coisas bem abusadas…
A isto não se chama loucura, mas sim ultrapassar limites. É o ir mais além. É uma demonstração de total confiança nas capacidades. Alias, basta pensar um pouco noutras modalidades. Alguma vez alguém chamou um ginasta de maluco, por ele andar a mandar grandes voos com a maior das precisões quer nos tapetes, no cavalo, ou nas barras? Muito pelo contrário, procuram cada vez ir mais além – perfeição técnica, mais uma revolução, mais um movimento mais complexo. Olhem para a patinagem por exemplo – há uns anos uma dupla pirueta era grande coisa.. e hoje? Já vai em triplos, não é? Neste caso o limite é estendido de outra forma. Um voo mais alto, menos comum.
Muitos estavam a queixar-se da dor da aterragem. Mas a aterragem pode ser perfeitamente suave. Está tudo na forma como é feito. Mais uma vez olhamos para ginastas – eles conseguem duplos mortais com aterragens perfeitíssimas – os pés tocam e não se mexem mais. Com as bikes e mesmo o skate e patins, a história é a mesma. E uma das chaves é a velocidade. Quanto maior a velocidade, maior a quantidade de energia que está distribuído na direcção da trajectória, e menor na direcção vertical. É uma questão de física (se tiver errado, espero que alguém deixa a correcção nos comments). Depois disso é só o contacto bem feito e tá resolvido… sem dores.
Esta questão da dor fez-me lembrar uma coisa… quem é que se mete neste tipo de actividade sem ter em conta que é preciso cair de vez em quando e que pode doer?… Além do mais não é tão perigoso ou tão arriscado como muitas vezes se faz querer. Eu já vi colegas meus saírem do andebol mais mal tratado que de andar de skate… incrível, né? hehehhe
No fundo é tudo uma questão de diversão. Sem diversão não tem piada nenhuma. E parte da diversão vem da evolução. Evoluindo, tornamos mais capazes de de mandar as manobras, e tornamos capazes de mandar manobras mais abusadas como esta. A minha esperança é que imagens como esta possam abrir os horizontes das possibilidades do pessoal que anda, e levar o pessoal a evoluir mais um pouco. Que sirva de motivação.
A adrenalina aumenta, o sorriso na cara também! 😀